Jackson comenta ouro mundial e derrota para Keenan no absoluto

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Jackson Sousa no Mundial de Jiu Jitsu 2013. Foto: Erin Herle/GRACIEMAG

Para o carioca do morro do Cantagalo Jackson Sousa, brilhar no ginásio da California State University, palco do Mundial 2013, foi suado desde o início. O faixa-marrom primeiro venceu o suspense e obteve seu visto americano. Depois, no dia 1º de junho, venceu o peso pesado, após final equilibrada contra o bom Arnaldo Maidana. E ficou ainda com o bronze no absoluto, após ser eliminado por Keenan Cornelius.

“Tinha uma mão chata em minha lapela me incomodando demais o tempo todo”, disse ele, relembrando o duelo com Keenan, que terminou com a prata ao ser derrotado pelo guardeiro levinho Paulo Miyao.

O lutador da CheckMat contou o que aprendeu em papo com GRACIEMAG.

GRACIEMAG: Como foi pisar pela primeira vez em solo americano e voltar campeão mundial?

JACKSON SOUSA: Foi compensador, após tanto treino. Abri mão de muita coisa e no final o resultado foi muito bom. Nos EUA fiz amizades, conheci algumas pessoas que curtiam meu jogo e tirei bastante fotos. Quero voltar este ano ainda, e certamente no ano que vem para mais um Mundial.

Como foram seus treinos? É verdade que você está apaixonado e isso ajudou?

Pois é, eu vivi três meses com minha namorada Verena Brahler, em Londres, depois do Campeonato Europeu em janeiro. Fiquei treinando na academia do Luiz “Manchinha” Ribeiro. Durante três meses, treinei muito com a rapaziada de lá. Como a maioria dos alunos era de faixas-azuis, mantive o foco no Mundial fazendo muito drill de posições e malhação. Voltei ao Brasil para organizar meu visto e tive um mês para me preparar com meu professor Ricardo Vieira e meu preparador Henri Lime.

Na final do pesado, você encarou o bom faixa-marrom Arnaldo Maidana. Como foi?

Consegui uma queda logo no início, e algumas vantagens. Ele conseguiu me raspar e caímos na guarda 50/50. Odeio essa posição (risos)! Faz parte do jogo, mas precisei me manter bem ali. No fim ainda apliquei uma chave de pé, porém acabou o tempo. O Arnaldo é duro, no ano passado fiz três finais com ele nos campeonatos – uma delas foi no Brasileiro da CBJJ.

E o absoluto, qual foi o saldo?

Queria ter lutado a categoria como fiz no absoluto, onde pude mostrar um Jiu-Jitsu diferente, solto, com alegria e ousadia. No peso houve alguns combates travados, em que fiquei jogando só nos erros dos oponentes, uma coisa que não costumo fazer. Já no aberto, impus meu ritmo com alegria. Graças a Deus consegui o terceiro lugar no absoluto, onde só tinha gigante no pódio, o “gigante” Paulo Miyao em primeiro. E ele mereceu, lutou demais.

Na semifinal do aberto, você encarou pela primeira vez o astro americano Keenan Cornelius, e perdeu nas vantagens. O que achou da luta?

Muitas pessoas do mundo do Jiu-Jitsu estavam esperando por essa luta, até minha mamãe Simone Hilário (risos). Aconteceu no Mundial e acabei perdendo para ele por 2 a 1 nas vantagens. Foi uma luta boa e movimentada, gosto de lutar assim, sempre para a frente. No começo tentei uma queda como sempre faço, porém não consegui os pontos e ele puxou. Fiquei tentando passar a guarda dele a luta toda, mas tinha aquela mão chata na minha lapela me incomodando demais. O Keenan tem uma guarda muito boa, eu me expus muito para passar até cair no berimbolo dele, mas fui capaz de defender bem, conforme os ensinamentos do Ricardinho Vieira. Dessa vez ele saiu vitorioso.

O que você faria de diferente numa próxima luta com ele?

Não faltou nada nessa luta, lutei o tempo todo. Estava tentando bater do lado dele toda hora, mas não consegui. Tive uma chance boa, porém não estabilizei nem consegui matar as pernas dele, pois ele é muito flexível e tem uma ótima movimentação de quadril. Keenan conseguiu colocar seu jogo bem contra mim e aplicou uma estratégia com a lapela do meu kimono que não me deixou movimentar. Ali é o Mundial, ninguém quer perder. Todos têm seu jogo e estratégia. Ele é um grande atleta, dono de um Jiu-Jitsu diferente, é um grande campeão. Gostei muito de ter lutado com ele.

Qual foi o aprendizado nesse seu primeiro Mundial?

Sonhar é preciso. Eu sonhava com esse título há anos, desde quando assisti o último Mundial no Tijuca, em 2006. Ali eu acreditei que um dia venceria, e mesmo com todas as dificuldades nunca deixei de acreditar. Meu visto foi negado quatro vezes, e cheguei lá. A lição? Não pare de lutar, o aprendizado no Jiu-Jitsu acontece todos os dias, mas a conquista maior vem no tempo certo.

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