Depois do choro, o riso e as vitórias do campeão de Jiu-Jitsu Alan Finfou

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Victor Estima na final contra Alan Finfou, no Europeu. O professor radicado na Inglaterra encaixou um triângulo invertido e venceu. Foto: Raphael Nogueira.

Alan Finfou. Foto: Raphael Nogueira.

Sem conquistar títulos importantes no Jiu-Jitsu desde 2009, Alan Finfou (CheckMat) ressurgiu com o espírito de gladiador, em Roma, Itália, no último fim de semana. O carioca faturou suas medalhas de ouro no Roma Open de Jiu-Jitsu e no Europeu Sem Kimono.

Sem pano, ele venceu Maximiliano de Figueredo (Gracie Barra) no peso e depois fechou o absoluto com Caio Terra, após eliminar AJ Agazarm (Gracie Barra) na semifinal, nas vantagens.

No bate-papo com GRACIEMAG, Alan comentou os treinos com Marcus Buchecha, explicou os motivos de fechar com Caio Terra no aberto, comentou as lutas e o momento em que ficou afastado das competições. Confira:

GRACIEMAG: Qual foi o saldo do fim de semana na Itália, Alan?

ALAN FINFOU: Consegui fazer uma competição excelente, fiz nove lutas e pude colocar em prática o que treinei. Fiz um camp na academia London Fight Factory com o Marcus Buchecha, Luiz Ribeiro e Chico Mendes. Foi minha primeira competição grande sem kimono. Confesso que às vezes me sentia perdido em certas posições, por isso me mantive mais focado do que nunca nas lutas. Procurei estar sempre à frente nos combates. Gostei muito de lutar sem kimono. Fiquei em Londres sendo amassado pelo Chico, Buchecha e Luiz, então já sabia que a competição dificilmente seria pior do que os treinos.

Falemos das vitórias no meio-pesado, no Roma Open e no Europeu Sem Kimono. Como foram?

Enfrentei o Max da Gracie Barra, duas vezes, uma em cada final. Eu já havia lutado com o Max antes, e sempre é uma batalha difícil. A guarda dele é muito agressiva, tanto que no Europeu Sem Kimono só venci nas vantagens.

E a final do absoluto do Roma Open, com o Ricardo Evangelista? Errou em algum lance?

Eu tive dez minutos para ganhar e não consegui, a luta terminou empatada em 2 a 2 nas vantagens e punições. Evangelista conseguiu mostrar aos árbitros que ele foi melhor na luta. Fiz o que pude no combate, mas não o suficiente para vencer. Eu gostei de ter lutado com ele. Ricardo como atleta e pessoa é nota dez. Os árbitros fizeram um bom trabalho não só na luta, mas em toda a competição. Eu deveria ter feito minha parte e não fiz.

No aberto do Europeu Sem Kimono, você fechou com o Caio Terra. Como foi isso?

Sim. O fato de eu não lutar contra o Caio foi porque eu tive que sair correndo para o aeroporto para pegar meu voo de volta para casa. Nós já havíamos falado sobre isso antes do absoluto começar. Conversamos e ele decidiu me dar a medalha de ouro.

Como você recebeu o novo faixa-preta AJ Agazarm na semifinal, antes de fechar o absoluto?

A luta com o AJ foi uma guerra. Eu sabia das qualidades dele, pois já venho acompanhando o trabalho dele há anos e sabia que a qualquer momento nós poderíamos lutar. O AJ é bom em pé e coloca todo mundo para baixo com as catadas de perna, então minha atenção estava redobrada em situações que tínhamos que retornar para a luta em pé. Deu tudo certo, eu sobrevivi [risos]. Venci por 8 a 1 nas vantagens. Sem dúvida ele vai dar trabalho para muita gente na faixa-preta. Ele é guerreiro, explosivo e muito rápido. Eu aconselho o pessoal do leve a abrir os olhos, pois ele não vai vir de bobeira.

Você ficou um tempo afastado das competições, ressurgiu no Europeu onde abriu a luta para o Fernando Tererê, e agora voltou a brilhar nos tatames. Passou por algum problema?

Nos últimos oitos meses tive muitos problemas em minha vida em todos os sentidos. De saúde, casa, família, trabalho, academia, equipe e amigos. Mas, para quem vive na guerra a paz nunca existiu. Eu sabia que não havia feito nada de errado com ninguém e tinha certeza de que a tempestade iria passar. Chorei inúmeras vezes, orei muito a Deus e pedi que ele não me abandonasse na situação que minha vida se encontrava. Hoje as coisas estão melhorando aos poucos e consigo sentir isso a cada dia. Eu sempre competi, mas nos últimos anos não tive bons resultados, porém continuei acreditando e perseverando. Minha última medalha de ouro em competições grandes havia sido em 2009 e hoje estamos em 2013. Para um atleta de competição é muito difícil lidar com uma situação dessas. Minha fé não me deixava desistir e eu sabia que minha hora iria chegar de novo. E quando menos esperei chegou.

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