Por: Willian von Söhsten *
Ao olhar as faixas de cada modalidade marcial é fácil identificar prontamente as de Jiu-Jitsu. Segundo Muzio de Angelis, faixa-preta quinto grau e um dos árbitros mais respeitados da IBJJF, o uso da ponteira nas faixas nasceu com a intenção de diferenciar a arte do judô, que usa faixa lisa.
Essa tirinha de pano na extremidade da faixa merece um estudo aprofundado, pois pode revelar muitos detalhes sobre quem a usa. Vamos começar com as faixas coloridas. Nestas é usada uma ponteira na cor preta que abriga até quatro graus, que servem, basicamente, para o professor controlar o tempo de cada aluno naquela faixa. Ao se tornar um faixa-preta, a ponteira muda para a cor vermelha. Há uma lenda que diz que o objetivo dos praticantes de faixa colorida é chegar na preta, por isso sua ponteira é desta cor. Já o faixa-preta tem por meta atingir a vermelha, sendo sua ponteira rubra.
“Desde que eu tinha 6 anos de idade o sistema de cor da ponteira sempre foi o atual. Não posso confirmar esta história. No meu entender as ponteiras possuem uma cor para que possa destacar de forma clara a graduação de cada um e mais nada”, explica o diretor de arbitragem e faixa-preta sexto grau Álvaro Mansor. Ainda segundo Mansor, o que distingue o faixa-preta professor do faixa-preta comum é o uso de uma tira branca em cada extremidade da ponteira, como se fossem aparadores. “Há que se respeitar o tempo mínimo de um ano na faixa-preta para utilizar essas tiras nas extremidades da ponteira”, explica Álvaro.
Essas tiras vão mudar de cor mais para frente. Ao chegar na faixa-coral, elas ganham coloração prateada; mais adiante, mudam para dourado na faixa-vermelha. Nas competições é comum ver atletas usando ponteiras brancas em suas faixas. Isso é explicado pelo uso de faixas sem ponteira, o que é proibido pelas regras da IBJJF. Assim, para poderem lutar, os atletas acabam criando uma ponteira com o esparadrapo, cor que é permitida pela regra, o que gerou o mito de que o atleta deve usar ponteira branca. “O atleta quer usar uma faixa bonita, daquelas tradicionais do judô, com seu nome gravado em japonês, e a solução para competir acaba sendo essa, passar esparadrapo na ponta, uma vez que a regra não permite lutar sem ponteira”, lembra Muzio.
Por fim, as ponteiras servem ainda para dar a correta nomenclatura ao professor. Até o sexto grau na faixa-preta a pessoa deve ser chamada apenas de “professor (a)”. É comum vermos professores sendo chamados de “sensei”, o que não está errado. Sensei é a referência em japonês para a palavra professor e tem sido usada no Jiu-Jitsu por influência do judô. Já o título de mestre é reservado aos que atingem a faixa-coral, passando para grande mestre ao atingir a faixa-vermelha. “É comum alunos chamando professores de mestre e não acho isso errado. O aluno muitas vezes chama por carinho ou por desconhecer a correta nomenclatura. O errado é o professor se intitular de mestre sem ainda o ser”, conclui Muzio.
* Willian von Söhsten é faixa-preta de Jiu-Jitsu,
formado em jornalismo e direito,
com pós-graduação em semiótica.
Olá boa tarde !
Poderiam depois complementar o assunto, falando sobre a “polêmica” de que lado se deve usar a ponteira, e também em que sentido se deve colar os graus na faixa. Se da ponta para dentro, ou ao contrário.
Obrigado
Oss
Faixa preta, ponta branca existe ha muito tempo, mas tinha caído em desuso. É o faixa preta aluno. Faixa preta ponta vermelha é professor. A do esparadrapo virou uma lenda. Existe uma pesquisa séria neste sentido.