Flamengo aplaude craques e envia camisa do Imperador ao xeque

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Davi da Silva vibra muito ao apagar um adversário no ezequiel. Fotos: Gustavo Aragão.

Parrudão, o segurança do Clube de Regatas do Flamengo vibrava com o que via na Gávea. “Ué, como é que pode? O outro todo fortão, o magrinho foi lá e sacudiu!”, arreganhava os dentes.

E tome de o repórter explicar um pouco de teoria do Jiu-Jitsu, a eficiência como defesa pessoal, o chão como elemento equalizador de forças, e o segurança nem aí, doido pra ver a próxima luta da última seletiva brasileira do World Pro, realizada no ginásio Hélio Maurício.

Rodolfo pega Braga Neto na semifinal.

Com a presença de ex-atletas do clube de diversas modalidades, professores como Zé Mario Sperry e Roberto Gordo e o modelo e praticante Paulo Zulu, o campeonato organizado por Fernando Paradeda e Cao Monteiro trouxe o melhor do Jiu-Jitsu para a zona sul do Rio de Janeiro.

Passeando com uma camisa do Adriano, do Flamengo, tinindo de tão nova, Paradeda, gaúcho e gremista, ouvia gracinhas dos cariocas, até que revelou: “Essa é um presente do clube para o Xeque Mohammad. Vamos entregar para ele lá em Abu Dhabi”, dizia.

No absoluto da faixa-azul, os dois classificados foram Mateus Luckmann (Alliance, até 73kg) e Celso Frabetti (Barbosa, acima de 73kg). Confira os bastidores da faixa roxa, marrom e preta.

Feminino no limite


“Isso sim é que é ‘No Limite'”, soltou um engraçadinho, quando o cronômetro evitou que Luanna Alzuguir (Alliance) esticasse o braço de Ana Maria Índia (CheckMat), após abrir 20 a 0 na final até 63kg. A participante do duro reality show brasileiro voltou às competições, e mostrou que está ganhando ritmo de competição.

A campanha até a final mostrou que ela está bem. “Foi péssimo mas foi bom”, disse ela, sobre a final, enquanto Luanna tirava uma foto com uma fã canadense, que pedia “Porr favorr” em português. “Vamos para as Arábias!”, vibrava Luanna, uma das favoritas ao título nos Emirados. A craque da Alliance só lutou no Rio porque perdeu em luta sem pontos para Beatriz Mesquita na seletiva de Gramado. Agora, todos aguardam o reencontro das favoritas – aqui ou nas Arábias.

“Não deu para finalizar, pai”


A campeã acima de 63kg Luzia Fernandes (Gracie Barra Detonando) vem de uma família de cascas-grossas de Mato Grosso, e ligou para casa assim que venceu Carla Roberto, também da Gracie Barra. “Oi, pai. Não, não deu para finalizar. Ela não deu mole nos braços, tem um pescoço curtinho também, é, não deu”, dizia, para Francisco, o pai durão. Não havia motivo para a cobrança: a faixa-preta venceu com uma das quedas mais lindas do domingo, e vai para Abu Dhabi como franca favorita na categoria.

Como lutar contra Rafael Mendes?

Rafael Mendes terminou a final contra Theodoro Canal com um sorriso no rosto e a espadada de sempre, gesto da equipe Atos. Ao passar pelo atual campeão até 65kg do World Pro em Abu Dhabi, alguém mandou: “Se tivesse uma terceira seletiva amanhã você entrava, entrava não?”. Rafa sorriu e concordou.

Na trajetória até o título da seletiva, Mendes finalizou todos os seus seis adversários. “Dá pra lutar com ele não”, dizia um dos desanimados oponentes, após o jogo de embolar, raspar e pegar do paulista de Rio Claro. Rafa agora viaja com o mano Guilherme, campeão em Gramado. “Queremos fechar lá”, avisam.

Luta eletrizante além da conta


A categoria até 74kg já pegara fogo com a luta (equilibrada e empolgante) entre o tricampeão mundial dos leves Celsinho Venicius e o bi mundial dos penas Mário Reis, mas na final do aluno de Gordo com Gilbert Durinho (Atos) o caldeirão ferveu demais. Celsinho foi raspado, deu uma queda, e vencia o atual vice-campeão mundial dos leves nas vantagens, quando, em pé, Gilbert conseguiu grudar nas costas perto da saída do ringue. No retorno no meio do dojô, ele pegou as costas, virando a luta no fim para explosão da galera da Atos, nas arquibancadas.

“Ele ganhou mesmo, achei que tive mais uma queda mas valeu. Senti a falta de ritmo, mas tô voltando”, disse Celsinho depois. O chato foi uma conversa ríspida após a luta, quando Celso se sentiu desrespeitado e, com cara de brabo, interpelou Durinho. “Se eu te ofendi peço desculpas”, apressou-se Durinho, com um abraço. “Eu luto com essa turma toda há dois anos e nunca desrespeitei ninguém. Não vou ficar aguentando careta e gente me puxando o kimono quando a luta para, isso é desrespeito”, diria Celsinho. No fim, tudo em paz.

“Aposta cenzinho?”


Incorrigível, o árbitro Luiz Kblinho garantia a Paradeda que haveria luta entre Delson Pé de Chumbo e Davi Silva, que vêm da Gracie Barra e treinam juntos Jiu-Jitsu e MMA.

“Inclusive o Davi vai finalizar nesse braço aqui, quer apostar cenzinho?”. Às gargalhadas, Paradeda se afastou. Kblinho se deu bem, pois na final Pé de Chumbo manteve seu estilo de fortaleza inexpugnável, ficou por cima o tempo todo e faturou a passagem aérea nas vantagens. O novato Davi havia finalizado todas as lutas antes. Não contra o duríssimo Pé de Chumbo.

Joelho ruim, cabeça boa


Atual campeão dos pesados do World Pro, Rodolfo Vieira chegou a vencer Bráulio Estima em Abu Dhabi ano passado, mas nem isso amoleceu o coração dos organizadores. Após perder a final da seletiva em Gramado, Rodolfo precisou enfrentar Léo Nogueira (Alliance), Braga Neto (Gordo) e Alexandre Souza (Gracie Floripa) no mesmo dia. Como se não pudesse piorar, Souza caiu no joelho de Vieira com um minuto de luta.

“Esse pessoal me ama, só adversário pedreira. Achei que este ano iam me aliviar, mas nada”, riu. Foi uma conquista antológica para Rodolfo, que finalizou Netão no pescoço e na final venceu Souza pela decisão dos árbitros, após empate nas vantagens. A luta foi equilibradíssima, mas os juízes não tiveram dúvidas: 2 a 1 para a fera da GFTeam, que esta manhã foi ao hospital ver o joelho.

Um faixa-marrom chega lá

Do jeito que o nível estava alto este fim de semana, parecia difícil que algum faixa-marrom furasse o bloqueio e faturasse a vaga em Abu Dhabi. Na categoria acima de 92kg, por exemplo, o franco favorito era Augusto Ferrari, o aluno de Barbosa que popularizou a jegueplata, finalização tão esquisita quanto eficiente.

Do outro lado da chave, no entanto, estava o guardeiro Marcus de Almeida, o Bochecha (ele assina “Buchecha”). No GRACIEMAG.com no sábado, um leitor avisava: “Vocês não falaram do Bochecha? Vão ter de falar dele depois, hein!”. Não deu outra: perdendo por três vantagens, o aluno de Rodrigo Cavaca virou a luta contra Ferrari faltando 15 segundos para o término da final, com uma manobra interessante que o fez chegar nas costas. O apito final foi a senha para Bochecha se desmanchar em lágrimas, com um fecho de ouro sensacional para a seletiva.

Bochecha (de azul) e Ferrari caem um para cada lado, ao estilo "Rocky".

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