Rockson Gracie

Rockson Gracie

O campeão que nos deixou cedo demais

  • Rockson com a nova geração Gracie, e o avô Helio e o tio Rorion. Foto: Divulgação

Rockson Gracie, nascido a 25 de novembro de 1981, foi um dos pesos-plumas mais promissores de seu tempo, apesar da curta trajetória como lutador.

Nascido no Rio de Janeiro, Rockson cresceu perto de Santa Monica, na Califórnia, onde ganhou seus primeiros torneios. Primogênito de Rickson Gracie, neto de Helio, o jovem alimentava o sonho de representar o legado da família e fazer bonito nos ringues de vale-tudo.

No documentário “Choke”, filme que eternizou os bastidores do evento Tokyo’s Vale Tudo Japan de 1995, o jovem Rockson volta e meia está se embolando com o pai. Como as cenas mostram, ele era o sparring de todas as horas do temido campeão – o único parceiro que podia chamar Rickson para treinar a hora que fosse, e contra quem Rickson jamais recusaria um rola.

Ao receber a faixa-azul do pai, Rockson era ainda um peso-galo – como sempre, ansioso por conferir suas habilidades. Ele se testou pela primeira vez nos grandes palcos da arte suave durante o Pan 1997 da IBJJF, onde ficou com o bronze no adulto.

No ano seguinte, aos 16 anos, Rockson faturou o ouro na azul, e foi graduado. Na faixa-roxa, já atraía os olhares do ginásio, e foi assim que conquistou mais dois ouros: em 1999 (peso-galo) e 2000 (já como peso-pluma).

“Aprendi com meu pai que não existe posição favorita no Jiu-Jitsu”, Rockson dizia. “Se o cara souber fazer muito bem apenas uma técnica, ele não será um grande lutador”.

Em maio de 2000, o pai Rickson venceu sua última luta no Japão, aos 40 anos, com os irmãos Rockson e Kron à beira do ringue. Os cartolas japoneses, então, começaram a traçar planos para uma luta do século: Rickson x Kazushi Sakuraba, com cifras que ameaçavam chegar a 5 milhões de dólares para o Gracie. Os planos do destino, porém, estavam para ser alterados, para sempre.

Pouco antes de completar 19 anos, Rockson foi passar uma temporada de alguns meses em Nova York, para cumprir uns trabalhos como modelo fotográfico, ofício que volta e meia lhe rendia um dinheiro, e testar-se como ator.

Em dezembro de 2000, a família não conseguia contato com o jovem e ligou o sinal de alerta. A pedido dos pais, Rickson e Kim, o primo Renzo acionou amigos e autoridades de Nova York, até descobrir o pior: Rockson fora encontrado já sem vida num hotel do sul de Manhattan, enquanto a namorada estava viajando a trabalho. O laudo, que sairia meses depois, revelaria a causa: intoxicação, por medicamentos e drogas. Dilacerado pela perda, o pai ficou quase três anos sem treinar ou vestir o kimono.

“Passei por um processo de cura com a minha família”, Rickson nos ensinaria, uma década depois. “Foram anos até recuperar essa energia e buscar uma razão que me fizesse feliz de novo. E a razão que encontrei são os três filhos lindos que tenho, minha família, o Jiu-Jitsu. Depois de muito meditar, de me enclausurar nos bosques, sem vontade de surfar, brincar, treinar, cheguei à conclusão de que havia uma lição a tirar de tudo. Até aquele momento, eu nunca tinha dado valor ao tempo, sempre achei que eu era controlador do meu tempo, que poderia deixar para falar com meu filho amanhã, deixar uma viagem ou uma aula para depois, que o tempo era só uma questão de adaptação na minha agenda. Deixei de fazer muitas coisas achando que teria outras chances. Com a partida do meu filho, entendi que não existe o amanhã.”

As cinzas do jovem Gracie foram levadas para a Califórnia, e espalhadas no início de 2001 na praia de Malibu, a preferida de Rockson.

* Principais títulos:

Tricampeão pan-americano pela IBJJF (1998, 1999 e 2000)

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