
Fabio Gurgel (centro) participou das gravações do “TUF Brasil” no time de Wanderlei, ao lado de André Dida e Daniel Acácio (direita). Foto: Divulgação
Terminadas as gravações do “TUF Brasil 3”, programa que estreia no próximo 19 de março na TV Globo, Fabio Gurgel tem curtido uma rotina um pouco menos atribulada.
Enquanto o Pan da IBJJF não chega, o treinador de Jiu-Jitsu da Alliance aproveita para arrumar a casa, e no seu caso isso significa resolver de vez um probleminha no ombro esquerdo que ele vinha protelando há tempos. Agora não teve jeito, e a artroscopia está marcada para esta semana.
Entre uma aula e outra no QG da equipe em São Paulo, Fabio bateu um papo com GRACIEMAG. Entre as pautas, a mudança anunciada pela IBJJF para o Mundial de Jiu-Jitsu 2015 em relação à divisão dos faixas-pretas, quando somente ex-campeões mundiais na preta, lutadores ranqueados e medalhistas de ouro na faixa-marrom no ano anterior terão vaga assegurada no evento. (Relembre os detalhes da novidade aqui, em artigo de Erin Herle.)
O General da Alliance disse aprovar a novidade, e explica a seguir por quê.
GRACIEMAG: A mudança anunciada para o Mundial de Jiu-Jitsu de 2015 foi pedida por alguns professores, certo? A medida é justa, na sua visão?
FABIO GURGEL: Basta pensarmos num exemplo simples: você gosta de nadar, certo? Você se imagina se inscrevendo no próximo Mundial de Natação sem nunca ter disputado nada e cair na piscina na raia ao lado do Cesar Cielo? Não é assim, né? Todos os esportes e modalidades possuem mecanismos para que isso não ocorra, e até agora o Jiu-Jitsu não tinha. A gente já tinha debatido isso outras vezes, os professores e o pessoal da Federação. Era comum você olhar para as áreas de luta nos Mundiais e ver o Rodolfo lutando contra um cara que nunca ninguém viu, o Buchecha fazendo as primeiras lutas contra um desconhecido. Isso ocorria inclusive nas primeiras fases do absoluto. Na minha opinião, e na de outros professores que a IBJJF escutou e atendeu, o Mundial precisa ser uma vitrine do esporte, o palco para o povo aplaudir os faixas-pretas do Jiu-Jitsu mais técnicos e preparados da atualidade. A medida é, portanto, extremamente benéfica para o esporte e para os competidores. Há o que melhorar, claro, mas toda mudança tem de partir de um ponto. Ao meu ver essa novidade vai tornar o Mundial mais atraente para todo mundo: plateia, atletas, academias.
E quem sabe para a TV, né? Se o esporte quer crescer e ser visto, nada melhor que um campeonato com a nata para cair no gosto dos diretores de programação, fãs etc.
Exatamente. Quem enxerga a medida por um lado negativo, sempre buscando encontrar uma teoria conspiratória, para mim está equivocado. Já li até alguém falar em boicote. Isso é uma viagem. Na verdade, como primeira consequência a Federação vai perder dinheiro, pois serão menos inscrições no Mundial 2015. Se o lance fosse faturar, era mais simples deixar a faixa-preta abarrotada de atletas. Claro, a medida vai valorizar os abertos e os campeonatos locais, que dão pontos no ranking? Sim, certamente. Mas isso também é importante para o esporte crescer localmente. É bom para o Jiu-Jitsu de Manaus ter um campeonato grande; é bom para Houston e suas academias contarem com um campeonato por lá. A IBJJF está apenas escutando os professores, e quem quiser participar vai ajudar o esporte. Quem quiser ficar de fora apenas reclamando, sem propor nada, não vai colaborar.
Você tem uma leva de alunos faixas-pretas, alguns jovens promissores, que perigam ficar fora do Mundial 2015. O que vai recomendar a eles para que não percam a oportunidade de estar lá?
Esse jovem faixa-preta vai ter de correr os campeonatos todos, e lutar mais, para se mostrar digno de estar no palco principal. Se ele mora no Brasil, tem o Campeonato Brasileiro para ser campeão, e abertos como o Manaus Open, Rio Open, Brasília Open, São Paulo Open e no Nordeste. Nos EUA hoje há realmente mais campeonatos, e isso é um ponto que pode ser ajustado, a quantidade de Opens aqui no Brasil. Mas acredito que o plano seja expandir e espalhar mais abertos nas grandes cidades do Brasil. Outra ideia que pode ser benéfica é tentar, no futuro, criar um mecanismo de proporcionalidade. Por exemplo: a Europa ter tantas vagas na faixa-preta, a Ásia ter outras tantas, e por aí vai.
Agora o campeão mundial de fato, e não o atleta que “fechou” mas ficou em segundo, ganha passe livre para todos os Mundiais. Ficou mais delicado fechar?
Não acredito. Acho que os caras que chegam a esse nível de fechar um Mundial provavelmente já são muito bem ranqueados ou campeões anteriormente. Talvez no futuro a coisa mude, mas hoje o Jiu-Jitsu ainda é um esporte entre equipes, e lutar acaba criando situações dentro dos times.
Qual é a maior necessidade do Jiu-Jitsu, hoje?
A briga de todos nós, o que ainda estamos lutando para descobrir, é como ajudar o atleta a ganhar dinheiro. Essa devia ser a principal preocupação da comunidade do Jiu-Jitsu hoje, de todos, e não atacar a IBJJF. Os atletas hoje têm basicamente o patrocínio como fonte de renda, mas isso ainda não é suficiente para todos. Um patrocinador aparece hoje mas amanhã pode sumir. O esporte precisa ser rentável, precisa ter uma massa de consumidores que sustente o esporte, mas ainda não existe. Estamos ainda crescendo.
E como foram as gravações do “TUF 3” com Sonnen x Wand? Você vai participar dos treinos do brasileiro? Como evitar que o Wanderlei caia naquela guilhotina que pegou o Shogun na luta do dia 31 de maio?
Foi uma experiência ótima, mais uma vez. Os novos talentos são muito bons, uma garotada excelente. O treino do Wand será em Las Vegas, então não sei como vai ser. Já trocamos uma ideia sobre Jiu-Jitsu para esta luta. Não acho que a guilhotina será um problema para o Wanderlei, acredito que ele tem armas para defender esse tipo de golpe sem problemas. O aspecto mais forte do Sonnen em relação ao Jiu-Jitsu é como ele bota para baixo; o índice de finalizações dele é mínimo. O caminho para o Wand então é este: treinar no chão para se ajeitar e levantar mais vezes, não ficar por baixo e manter a luta em pé, onde ele gosta de estar.
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Grande entrevista do Mestre Fábio.
Eu só não vi ninguém ser contra as novas regras.
Acho que todos são a favor de elitizar.
Alguns anos atrás, para lutar um mundial, tinha que se classificar por seletiva, ou ser campeão ou medalhista dos torneios da cbjj ! Peguei essa fase, e o glamour e outro!
ASSINO EMBAIXO DO MATSUMOTO , O MUNDIAL ERA SO PARA CAMPEAO ESTADUAL , MEDALHISTA IBJJF E GENTE QUE TINHA PASSADO NA SELETIVA. BOM ENCONTRAR VC NO FB MATSUMOTO , A MUITOS ANOS TIVE A HONRA DE COMPARTIR TATAME COM VOCE . ABRACO E SUCESSO
Concordo com o Fabio, inclusive dei uma entrevista para um site falando nisso, Mundial e pra elite o atleta tem que estar la por merecimento, os que ainda precisam atingir o nivel tem lutar os open ou torneios clasificatorios e se credenciar.
Luciano isso nao e elitizar, mas separar os que tem melhores resultados e merecem estar no palco principal, o Mundial. Quem ainda nao chegou a esse nivel tem que correr atras pra chegar la, era assim no passado. Abs.
Apenas ,Marketing
Na verdade o mundial hoje é só para filho de papaizinho lamentavel
Antigamente era assim !! So lutava o mundial quem era campeão estadual ou campeão da seletiva !! Todos os Mundiais que participei foram assim !! Pena que não eh Mais
Algunsquestionam as medidas da IBJJF, mas esquecem que para poder participar do evento em Abu Dhabi todos passam por seletivas, e só vão os classificados, com isso é o mesmo sistema, então o Mundial esta no caminho certo, selecionando os melhores de preta para poderem disputar o titulo mais importante do Jiu-Jitsu …………..
tem q ser assim pois evita essa banalização da faixa que ocorre principalmente nos USA
Fala Grande Soluço,bons tempos que passou,mas a lembrança e eterna!!tudo de bom e forte abraço!!
é muito pertinente que nas ultimas semanas, mais esclarecimentos sobre estas mudanças tem aparecido , e para os pros e contras, novos argumentos. Gostaria de saber se os eventos nacionais terão o mesmo "peso" (em termos de pontuação) do que os eventos estrangeiros . Já que a IBJJF esta disposta a ter menos receita com as reformas, porque não limitar os times a colocar um atleta por peso em cada categoria? Ou seja, o fim de fechamentos na finais.
È possivel lutar no mundial World Pro em Abu Dhabi sem passar nas eliminatorias, mas tem que pagar as despesas para ir no evento (ou ter patrocinador para tanto) .
poderia ser criado um mundial amador como existe em outras esportes, e deixar a "categoria' profissional pra quem realmente é!
Agora todo mundo está apoiando a nova medida da IBJJF. Basta um conhecido falar a favor para toda a massa seguir igual bezerro. Eu sou contra essa medida. Estão elitizando o esporte e impedindo lutadores talentosos mas com pouco recurso de ter sua chance no mundial. O Fabio Gurgel apoia mesmo, afinal, ele tem cash pra manda sua horda para todo tipo de campeonato no mundo. Quem vivia juntando dinheiro para lutar o mundial uma unica vez na vida, pode dar adeus ao sonho.